"pede-se a uma criança: desenha uma flor. dá-se-lhe papel e lápis. a criança vai sentar-se no outro canto da sala, onde não há mais ninguém. passado algum tempo, o papel está cheio de linhas. umas numa direção, outras noutra. umas mais carregadas, outras mais leves. umas mais fáceis, outras mais custosas. a criança quis tanta força em certas linhas, que o papel quase não resistiu. outras eram tão delicadas, que apenas o peso do lápis já era demais. depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor. as pessoas não acham parecidas, estas linhas, com as de uma flor. contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que [...] [se] faz uma flor."
AN
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